quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Mensagem de Ano-Novo (De Novo)



Pois é, mais um ano que se encerra, meus caros leitores, e como no ano passado, decidi redigir uma pequena mensagem congratulatória direcionada á vocês (sim, todos os nove) que acompanham este blog.Embora eu adoro listas e retrospectivas de final de ano, e eu tinha pensado em milhares de coisas para possivelmente escrever, agora subitamente eu vejo que estou sem a menor vontade de destilar calhamaços literários, até porque, ninguém vai ler isto até pelos menos o ano que vem.

Mas enfim, este ano, é bem notável que eu escrevi muito menos que no ano passado, quantitativamente falando.Sério, durante o ano, as análises aparecerem num ritmo mensal - quando apareciam(o que nunca foi minha intenção), o que pode deixar o acompanhamento do blog algo um pouco monótono para boa parte das pessoas que acessam a internet.Eu falo porque sou um desses necessitados por atualizações constantes; internet pra mim, especialmente durante esse ano, se tornou um vício maior até mesmo do que os meus preciosos jogos eletrônicos (sim, eu vou insistir em falar jogos eletrônicos-Games ou Videogames não cola pra mim, lembra demais denominação de catálogo da Casa & Vídeo).A maioria dos sites e blogs que eu visito tem atualizações em ritmo mais constante do que de mês em mês.Mas isso sou eu reclamando comigo mesmo, e não vai chegar a lugar nenhum.Principalmente porque, esse ano, as análises dobraram (como se dobra um número) de tamanho , ainda que tenham dobrado (como se dobra um papel) de quantidade.

Sério, eu fiquei sem tempo pra jogar, e consequentemente sem tempo pra escrever.Pra se ter uma idéia, eu iniciei uma série de textos com observações sobre narrativa em jogos no Gamecultura (que é de longe um dos melhores sites sobre jogos do Brasil), e consegui fazer as três partes que eu tinha planejado, mas falta a conclusão.Bom a última parte foi publicada, se não me engano, em agosto, e até agora eu não tive tempo/paciência/disposição para escrever o raio da conclusão.Acho que isso se deve ao fato de que o útlimo semestre foi algo atribulado para mim, ás voltas com o temido, famigerado e prolixamente adjetivado vestibular.Hã, não que eu tenha me matado de estudar, assim, mas o estresse que essas atividades envolvem (mais a escola, claro- Física e Química ainda são os nêmesis de qualquer estudante vagabundo que se preze) acabaram por me afastar deste blog que é meu hobby, preocupação constante e obsessão pouco saudável.Mas agora eu estou passado de ano, formado e saído da escola, então posso tratar de arranjar novas desculpas.

È claro que não foi esse o único motivo; não que a minha vida social tenha ficado interesssante o suficiente para também me afastar do blog (talvez em 2009 fique, quem sabe) ou influenciá-lo (se bem que teve uma análise que...ê, deixa pra lá), mas com certeza este ano foi bem mas, digamos, interessante que o anos passados.Ainda que de um ponto de vista puramente anedótico.Mas deixa pra lá.Mudando de assunto, o meu Wii finalmente começou a funcionar esse ano,(depois de praticamente um ano quebrado ou indisponível), e Twilight Princess é o melhor Zelda já feito, e Super Mario Galaxy pode ser um dos melhores jogos que eu joguei na vida.Mas eu não vou começar um blog pra falar sobre Wii, mesmo que eu tenha pensado em fazer isso anteriormente.Se eu mal consigo manter um blog, que dirá dois...

Mas atendo-se a assuntos pertinentes ao Gamer Atrasado, eu gostaria de agradecer a todos os meus leitores (sim, todos os nove), não só aqueles que se manifestam com comentários e e-mails (sério, isso conta muito pra quem escreve), mas também o leitor casual, aquele que só dá uma passada e gosta do que lê.Eu não mantenho um blog apenas para alimentar meu enorme ego, mas também para que as pessoas leiam, gostem, reflitam e joguem.Também gostaria de agradecer aos parceiros escritores de blog, como o Alex do (infelizmente finado) TV Retrô, que me deu uns toques sobre como blogar direito, e ao A.L.A.S, do Gameretrô, um ótimo blog, bastante semelhante ao meu no que diz respeito ao tema e tamanho e constância das postagens.Também queria desejar sorte para o pessoal da Colméia com o seu podcast de jogos.E, por fim, não posso me esquecer das adoráveis e voluptuosas moças do Ananas Métalliques, que insistiram o ano todo pra eu indicar o blog delas no meu, o que eu não pude graças á temática excessivamente feminina, o que poderia me constranger frente aos misógino público "gamer"(eu não sou muito afeito á esse termo, apesar de ele dar nome ao blog).Beleza, garotas, fiz o que vocês queriam.Agora, vocês estão me devendo aqueles favores sórdidos e impublicáveis que a gente tinha combinado.

Resoluções para o ano novo?Sei lá, eu não faço muitos planejamentos.Talvez, fazer postagens mais constantes, fazer um logo mais bonito pro blog no Photoshop(esta coisa que enfeita o "header" do blog foi feita em vinte minutos no Paintbrush- há um ano atrás), zerar Final Fantasy 7(embora acho que essa era uma resolução do ano passado, mas tudo bem), montar uma banda de rock, blues e músicas estranhas, começar a fazer jogos ao invés de meramente ficar escrevendo sobre eles.Ou quem sabe, tomar jeito na vida, arranjar um trabalho bem renumerado e criativamente estimulante, e uma moça bonita de olhos encantadores e personalidade cativante, e constituir família.Ninguém sabe o que o futuro nos reserva.

Hã, acho que me empolguei.

Feliz ano novo á todos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Harder, Better, Faster, Stronger

É uma reclamação comum nos dias de hoje que estamos recebendo (muito) mais sequências de jogos do que jogos originais.E é verdade mesmo; praticamente todos os grandes lançamentos dos últimos dois anos ou são continuações ou já tiveram as suas sequências anunciadas antes mesmo dos seus lançamentos.Por serem um investimento muito mais seguro para as grandes empresas de jogos, é normal que a sequências abundem, até porque, se mantiver a qualidade do jogo original (se ele tiver qualidade em primeiro lugar, claro) e trazer elementos novos, qual o problema, não é mesmo?Mas a verdade é que algumas empresas passam da mão no que diz respeito á originalidade, ou melhor, da falta dela.È o caso da Activision, que lança sequências de Guitar Hero e Call of Duty praticamente toda semana, e da Capcom, que só para ter uma idéia, já lançou mas de 50 jogos estrelados por robozinho azul Megaman.E, especialmente nesse caso, quando uma franquia é saturada desse jeito, o óbvio á pensar seria que os jogos perdem a qualidade individual, afinal, cada jogo é quase igual ao outro.Então, qual é a graça de analisar um jogo isolado nessa cascata de títulos indiferenciáveis?Bom, é o que vamos tentar descobrir.


Megaman X4 foi lançado para Sega Saturn e Playstation em 1997, é a quarta sequência da série Megaman X, que atualiza a série de ação 2D estrelada pelo robozinho azul com um novo ambiente futurista nipo-cyberpunk e excessos narrativos típicos de anime de qualidade questionável.A série é estrelada por X, que é basicamente o Megaman antigo com mais cara de mau, e Zero, um robô consideravelmente mais "cool", com uma armadura vermelha, sabre de luz e megahair louro que faria inveja em muitas apresentadoras de televisão.Zero foi, desde a sua introdução no primeiro Megaman X, um dos personagens mais adorados pelos fãs e justamente pela sua "coolzisse" de contraparte moralmente ambígua de protagonista (leia também:Shadow), que ele foi incluído pela primeira vez como personagem jogável neste episódio.Bom, já dava pra jogar com ele no terceiro episódio, mas ele ainda não tinha sua tradicional (e muito cool) espada-laser.A história de X4 não é muito diferente da dos outros jogos da série X: surge uma nova ameaça contra as pacíficas pessoas do ano 21XX, (apesar dos únicos habitantes conhecidos pelo jogador serem X, Zero, os robôs do mal -Mavericks- que eles caçam, e a pletora de coadjuvantes que só servem pra eventualmente se voltarem contra os heróis e serem destruídos também), aqui materializada na força militar Repliforce, que se insurge contra os Maverick Hunters após um mal entendido.Ou pelo menos é o que a história do jogo dá a entender, com seus diálogos mal-traduzidos e sequências em desenho animado, perdão, anime (não posso desagradar os otakus-metaleiros) bem feitinhas, mas horrendamente dubladas.


O jogo é estruturado como todos os Megamans anteriores (e posteriores): existem oito fases, cada uma com um respectivo robô como chefe final.Ao derrotar um desses chefes,é fornecido uma arma especial, de uso limitado, ao herói.Cada uma dessas armas é mais eficaz contra um determinado chefe, criando uma progressão de jogo ao estilo jo-kên-pô.É uma proposta de jogo interessante, pois, ao contrário da maioria dos jogos, a série Megaman começa muito difícil, e a medida que o jogador coleta armas e upgrades, vai ficando mais fácil até o seu final (em que a dificuldade sobe pra estratosfera de novo- os chefes finais da série Megaman são notoriamente difíceis, e aqui não é exceção).Essa estrutura de jogo também pressupõe uma certa repetição de algumas fases, até ser encontrada a melhor arma quanto ao chefe desta (a não ser que você olhe na internet a ordem dos chefes).Por isso, normalmente a série Megaman se segura mesmo no design das suas fases.E mesmo essas que fases sejam divertidas de serem jogadas algumas vezes, faltam aos níveis de X4 um pouco de originalidade.Praticamente todos os clichês do gênero (e da série Megaman) aparecem aqui; a fase do gelo com o piso deslizante, a fase de fogo com meteoros caindo do céu, a fase do elevador, a fase do trem...só faltou a fase do carrinho de mina(e por, mais jogos hoje em dia poderiam ter fases de carrinhos de mina).Ainda assim, existem elementos interessantes em algumas fases, como uma que testa as habilidades dos personagens e os premia pelo seu desempenho, num jogo dentro do jogo.A economia (ou ausência) de novas idéias se manifesta também nos chefes (que, apesar de terem visuais bacanas, continuam com nomes indefectíveis, do tipo, Web Spider) e nas armas ganhas, pois muitas destas imitam o funcionamento de armas de jogos anteriores.


E se alguns dos problemas permanecem os mesmos, as qualidades também; o que torna a série tão divertida (e possivelmente tão longeva), é a sua bem acertada jogabilidade, que mistura o tradicional run'n'gun da série como novas habilidades, como grudar nas paredes e executar "dashs" (que é basicamente um movimento de impulsão pra frente,que, tal qual o pulo duplo, é fisicamente impossível de ser realizado no nosso universo).Isso faz com que as fases sejam um exercício em reflexos, e obstáculos que inicialmente parecem dificéis de forma barata e forçada podem se tornar fáceis quando o jogador se acostuma com os recursos do controle.A verdade é que vários destes momentos de dificuldade barata e forçada foram simplesmente suprimidos do jogo; em comparação com os episódios anteriores, o fluxo das fases é mais polido e menos frustrante (alguém pode até dizer que o jogo é mais fácil, visto que alguns dos segredos ocultos nas fases, como Heart Tanks e Sub Tanks, são mais fáceis de serem encontrados que antes).Além disso, X4 tem algumas melhorias técnicas, como, por exemplo, a munição das armas especiais é recarregada toda vez que o personagem morre, e existe pelo menos um checkpoint em cada fase, evitando um pouco dessa tradicional rejogação de fases presente na série.


Mas o principal diferencial deste episódio (e talvez o único, para os observadores menos pacientes), é como dito antes, a possibilidade de jogar a campanha inteira como X ou Zero.Enquanto X pula, atira e coleta armas e upgrades para sua armadura, Zero tem um sistema de controle um pouco diferente; ele usa sua espada-laser para fazer combos de três golpes contra seus inimigos e, ao derrotar os chefes, ele não ganha novas armas armas, e sim novas habilidades e golpes, como uppercuts, rasteiras, e bem, pulo duplo.No geral, Zero é o mais divertido dos dois, visto que seus ataques são mais poderosos e dá a impressão que personagem é mais veloz.Além disso, com ele é mais fácil derrotar os chefes sem a habilidade correta (a relação jo-ken-pô ainda vale, ainda que um pouco, com ele), e estas batalhas ganham uma dinâmica semelhante aos jogos de luta, já que vale mais entender os padrões de movimento dos adversários e saber quando atacar ou defender, do que simplesmente atirar sem parar.Com X, uma vez encontrada a combinação correta entre chefe/arma, as batalhas não são nem mais um desafio, visto que alguns chefes são simplesmente paralisados pela arma correta.Mas fora isso, as aventuras dos dois personagens são exatamente iguais, com as mesmas fases e chefes (não, minto; existe UM chefe diferente para cada um).E mesmo que existam sequências animadas (muito mal dubladas mesmo )diferentes para cada um dos robôs, com direito á revelações interessantes sobre o passado de Zero, o fato de existiram duas campanhas separadas parece mais uma forma de aumentar artificialmente a longevidade do título, que é, por natureza, bem curto(Nos jogos subsquentes, só pra constar, se tornou possível alternar entre os dois durante uma única aventura).(Nossa, hoje eu estou exagerando nos parênteses).


No geral, não há nada particularmente errado com este episódio da série X; os gráficos são bonitos, as fases divertidas, as músicas agradáveis.Porém, a falta de ambição e a acomodação do jogo em não trazer nada novo fazem com que ele não consiga se distinguir dos outros episódios (tantos os que o antecederam quanto aos que o sucederam- a série X foi até episódio 8), ou deixar alguma impressão duradoura no jogador.Como os últimos dez anos demonstram, isso acabou por saturar a série, o que fez surgirem novos spin-offs (como a série de RPGs Battle Network e as aventuras solo de Zero- todas também devidamente saturadas com próprias toneladas de sequencias).Recentemente, toda a franquia deu uma invigorada com o lançamento de Megaman 9, que, com seus visuais 8-bit e glitches propositais, nada mais é do que uma (um pouco superestimada, a meu ver) volta aos princípios básicos que fundaram a série.Mas tal volta não seria necessária não fosse o estancamento criativo que a franquia sofreu ao entrar num esquema quase fordista de produção de sequências.E talvez X4 seja o seu exemplo mais emblemático disso.Não é um mau jogo; é apenas mais um jogo.