segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Mensagem de Ano-Novo

Um bom 2008 á todos, com bastante tempo livre pra jogar, e que no tempo em que vocês não estiverem jogando, estejam fazendo algo tão ou mais interessante quanto isto.
...
Não,...,não.
!!! é melhor.

!!!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

TOP 7

Não adianta esconder.Toda vez que você passa na banca de jornal para comprar os seus mangás da semana, você vê lá atrás, bem escondidinhos, os famigerados gibis de super-herói.Estereotipados pela humanidade, estas publicações paraliterárias ganharam mais notoriedade e respeito com os estouros de bilheteria que foram os recente filmes de super-heróis.Porém, mesmo assim, esse gênero dentro de um gênero continua estigmatizado nessa sociedade composta apenas de otakus-metaleiros preconceituosos.Culpa também da recente elitização dos quadrinhos, que migraram para as livrarias para custar cinco vezes o preço da banca, e do fato que, realmente, a grande parte das histórias disponíveis nas bancas são de qualidade questionável.

Enfim, esse panfletarismo todo foi uma forma de tentar introduzir o tópico deste Top 7 (lê-se Top Sete): jogos baseados em super-heróis.Enquanto existe muita porcaria neste sub-gênero (Superman 64, alguém?), como no caso dos jogos baseados em filmes, existem algumas jóias também algumas jóias.O critério de avaliação foi ser um super-herói não-original, para agradar o nerd aqui (nada de City of Heroes, Freedom Force e Viewtful Joe), e não ser um jogo de crossover com personagens não-superheroísticos (tipo com personagens da Capcom).

Top 7-Jogos de Super-Heróis


7)The Punisher-PC,XBox,PS2
Esta encarnação eletrônica do vigilante moralmente ambíguo Frank Castle poderia ser só um shooter em terceira pessoa genérico. Porém, ela tem alguns diferenciais que a tornam notável, como por exemplo, as dezenas de execuções sanguinolentas que O Justiceiro pode aplicar contra os pilantras que cruzam o seu caminho (que são atenuadas por um filtro de imagem preto-e-branco), ou as muitas participação especiais de outros personagens da Marvel.Apesar disso, eu não sei se a inclusão deste jogo na lista vale, porquê tecnicamente, o Justiceiro não tem nenhum super-poder.Bom, eu acho que empalar um marginal num rinoceronte (sim, dá pra fazer isso no jogo.E você que ficava chocado com Manhunt 2...) deve contar como alguma coisa.


6)Justice League Heroes:The Flash-GBA
Bem melhor que a sua contraparte para os consoles grandes, Justice League Heroes (uma pálida imitação da série X-Men Legends), este pouco conhecido beat´em up se apóia na principal característica do seu personagem-estrela: a velocidade.Bata num inimigo, aperte A, e voe em direção á outro.Uma mecânica extremamente simples, mas altamente divertida quando você a domine.Some com alguns poderes interessantes para evoluir o personagem, a possibilidade de chamar o outros heróis para como um ataque especial e alguns chefes que exigem um pouco de estratégia para quebrar o gelo, e você tem um jogo bastante divertido.O que mata é que é um jogo extremamente curto, e com alguns dos desenhos mais bizarros que eu já vi durante as cutscenes (tem um Caçador de Marte obeso, por exemplo.)


5)Spiderman - PSX,N64,Dreamcast
No período entre a série animada dos anos 90 e os ótimos filmes de Sam Raimi, é inegável que o principal responsável pela manutenção da popularidade do Homem-Aranha foi este joguinho aqui, desenvolvido pela Neversoft com a engine do jogo Tony Hawk Pro Skater (que tinha o Cabeça-de-Teia como um dos personagens secretos, lembra?).Beneficiado por uma história original, mecânicas de jogo bem acertadas, zilhões de extras como revistas e roupas adicionais, a narração de Stan Lee em pessoa,e um senso de humor típico do Homem-Aranha, o jogo amealhou sucesso o suficiente para ganhar uma seqüência não tão interessante quanto o original.O único problema é que (de novo) era curto pra chuchu, e podia ser zerado em questão de horas, independente do nível de dificuldade.Mas neste caso, a variedade das missões compensa.


4)The Incredible Hulk:Ultimate Destruction - PS2,XBox,Gamecube
O.K. esse pode ser difícil de explicar:pegue o Hulk, aquele gigante verde e super-forte, e ponha num ambiente livre, estilo Grand Theft Auto.Ambiente livre e destrutível.

Gigante superforte.Mundo destrutível.

Bom,acho que é um pouco óbvio o que acontece no jogo,não?


3)The Adventures of Batman & Robin-SNES
Baseado na excelente antiga série animada do Batman, este jogo pode parecer a primeira vista um jogo de plataforma 2D genérico, mas não é.O seu diferencial é a variedade de situações e desafios que o jogador deve encarar.Há fase de pancadaria, perseguição de carros, fases lineares e de exploração livre, e muitas elaboradas batalhas contra chefes, além de todo o arsenal de itens do Homem-Morcego, como batarangues, gás atordoante, gancho, óculos de visão noturna e muito mais.O jogo conta com a participação de quase todo a galeria de vilões do personagem (até o Cara-de-Barro), mas, apesar do título, não permite jogar com o Robin.Mas alguém queria mesmo?


2)Ultimate Spiderman - PS2,XBox,Gamecube,PC
Outro jogo do Aranha na lista?Também pudera, ele é o super-herói mais cool do mundo(depois do Homem-Borracha, claro!).Neste jogo, a estrutura de fases é abandonada (se bem que poucos jogos hoje tem coragem para fazer fases, mesmo...) em favor da estrutura sandbox, de liberdade de exploração (que já tem um outro exemplo aí na lista), herdada de seu antecessor espiritual Spiderman 2.O diferencial deste jogo é que ele é baseado na linha Ultimate dos quadrinhos da Marvel.Pra quem não sabe, a linha Ultimate foi criada por volta do começo dos anos 2000, para resgatar a popularidade dos personagens tradicionais da Marvel, apresentando versões diferenciadas das origens e mundos destes, e é claro que foi um $ucesso (lá nos EUA, onde quadrinhos de super-heróis vendem, nem que pra isso eles precisem matar um personagem importante por semana).Sabido isto, saiba que o jogo é divertido a beça, sem as missões bestas de Spiderman 2, e com gráficos estilizados em cel-shading e uma apresentação que consegue efetivamente dar a impressão de um quadrinho em movimento.Porém, novamente e mais uma vez, este é um jogo curto!A duração é prolongada pelas missões extras, que são repetitivas e pouco interessantes, então esse é mais um pra curtir bastante durante o pouco tempo que oferece.


1)X-Men Legends 2:Rise of Apocalypse - PS2,Xbox,Gamecube,PC,PSP
Entre esse e Marvel Ultimate Alliance foi uma escolha difícil, mas no final das contas, pesou o fato de que até agora não consegui jogar Marvel Ultimate Alliance (e minha credibilidade como pseudo-jornalista vai pro espaço).Mas falando sério, Rise of Apocalypse é não só uma sequência que ultrapassa o original, por permitir jogar também com os vilões da Irmandade dos Mutantes, e por ter uma campanha mais longa, como também oferecer tudo o que um fã dos mutantes,e de super-heróis em geral pode querer: vários (alguns podem dizer que são demais) personagens para escolher, múltiplos poderes para utilizar, vários inimigos parta usar esses poderes, suporte para 4 jogadores, customização dos atributos dos personagens, e até uns puzzlezinhos meia-boca para encher linguiça (pegar cartões-chave e destruir geradores?Revolucionário!).Uma interface que permite tanto pensamento estratégico quanto pancadaria acéfala facilita as coisas, e uma história interessante que faz paralelo aos quadrinhos também fazem deste um jogo divertido, embora um pouco raso de vez em quando.Mesmo assim, serve é um ótimo RPG de ação, que fica ainda melhor quando jogado com mais gente.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A Maior Aventura do Mundo

O Game Boy Advance foi uma plataforma rica em potencial, já que era o último reduto para os jogos 2D (o Nintendo DS também tem jogos 2D, mas parece que cada vez mais produtoras preferem optar pelo 3D vagabundo) durante a geração 2002-2006.Porém, ao invés de receber novos jogos de plataforma, shooters, RPGs e beat'em-ups, acabou recebendo uma chuva de remakes de jogos do Super Nintendo.Não que isso seja inteiramente ruim, mas estes jogos acabaram por tomar o espaço de novos jogos e franquias.Mas isso não quer dizer que não tenham surgido alguns pequenos clássicos, alguns dos quais foram feitos pela própria Nintendo e sua pletora de subsidiárias (Títulos fantásticos como Advance Wars, Wario Ware,Drill Dozer, Golden Sun e Mario & Luigi:Superstar Saga), mas alguns outros foram desenvolvidas por bravas empresas que acreditaram no potencial.Estes títulos não tiveram o reconhecimento merecido por parte do público, e é um desses títulos que eu vou analisar agora.





Antes de você torcer a nariz, vamos deixar uma coisa clara aqui:este é sim, um jogo licenciado, baseado na série de anime Astro Boy de 2003.Mas ao contrário da imensidão de produtos licenciados baseados em anime, este não é um joguinho de luta ou similar, e sim um jogo de plataforma e ação 2D, com elementos de RPG e aventura,Desenvolvido em parceria pela Treasure (autora de um dos jogos mais legais do universo, Gunstar Heroes, que foi -surpresa!- remakado pro GBA) e a Hitmaker, e publicado pela Sega.Quem conhece os jogos da Treasure, sabe o que esperar: ação frenética e ininterrupta.Porém, este jogo também uma história consideravelmente interessante, que não se limita ao material-fonte, buscando outras influências, e criando uma história completamente nova.



Para os que não conhecem, a história de Astro Boy se passa num futuro próximo, onde robôs desenvolveram inteligência, e trabalham lado a lado com os seres humanos.Astro é um robô que é construído pelo Dr. Tenma, com a intenção de ser o substituto para o seu filho morto num acidente de carro, Tobio.Porém, Dr.Tenma, vendo que um robô jamais poderia substituir seu filho, apagou as suas memórias e abandonou o pobre robozinho, que foi encontrado pelo Dr.O´Shay, que trabalha nos Ministério da Ciência.Este simpático sujeito ensina Astro sobre o que é certo e o que é errado, e como usar os seus poderes para o bem, e blá,blá,blá, alem de treiná-lo com armas esdrúxulas que o seu "pai" o equipou, como um laser no dedo e uma metralhadora nas nádegas.Após uma curta introduçãozinha, o jogo já coloca Astro na ação, indo atrás da assistente do narigudo Dr. O´Shay.



Logo se percebe que este jogo de ação tem uma certa profundidade no seu sistema de combate.O combate aqui é sempre contra vários inimigos, cujos modelos variam de tamanho, força e padrão de ataque.è necessário uma certa técnica, para dar conta de alguns grupos de inimigos, pois alguns são mais fortes que os outros, e não param de atacar quando você os está socando.Usando um chute, por exemplo, Astro lança um inimigo pela tela, causando dano nos outros inimigos que este acerta, e o laser no dedo acerta todos os inimigos na frente, apesar de não ser muito forte.A disposição de Astro também existem 3 ataques especiais:um poderoso laser, a famigerada metralhadora na bunda, e um "dash" especial, que podem ser usados se uma barra for carregada com golpes normais.Outro movimento importante é o uso dos jatos, que propulsionam Astro numa direção, e o fazem ficar invencível por alguns segundos, além de o fazer "atravessar" inimigos.O jogo é relativamente fácil, porém os que buscam desafio, é melhor jogar na dificuldade Hard.Além da pancadaria side-scrolling, em algumas fases o jogo vira um típico shooter, com Astro no papel de nave.O modo de jogo também muda em algumas batalhas contra chefes, com Astro flutuando e usando lasers.



O jogo inicialmente tem uma progressão normal, em fases, como um típico jogo da época Super Nintendo-Mega Drive, com ceninhas para explicar a história, cujos desenhos dos personagens mimetizam perfeitamente os desenhos de Osamu Tezuka (o criador do Astro Boy, para os incultos).Aliás, por falar nisso, como dito a história do jogo não se limita a usar personagens apenas do universo de Astro Boy, mas também de outras das criações de Tezuka, como Princesa-Cavaleiro, Don Dracula, Dr. Black Jack, e Fênix(e tem um personagem que se transforma num leão muito parecido com a versão adulta do Kimba, o Leão Branco).A maioria dos personagens não devem ser familiares para o público brasileiro, mas conhecedores da obra de Tezuka certamente devem reconhecer muitos personagens.Mas esse elenco recheado não está ali só para encher linguiça, já que a história dá um jeito de amarrar todos os personagens num conto maior e inteiramente novo.A presença de muitos personagens também serve para evoluir as características do personagem, já que o tal Omega Factor que dá nome ao jogo é uma habilidade de Astro que faz com que toda vez que ele conheça uma pessoa e a entenda, ele fique mais forte e evolua.Entre os atributos do que podem ser desenvolvidos estão a energia do personagem, a força dos seus socos e lasers, a quantidade de vezes que ele pode usar os jatos, entre outras.



Então é um típico jogo de fase?Não é bem assim.A primeira vez que Astro chega no final, o jeito que as coisas terminam não é lá muito feliz, principalmente se tratando de um jogo com personagens fofinhos e de olhos grandes.Porém, com a ajuda de um certo personagem com poderes sobre a vida e a morte, Astro ganha o poder de transcender no tempo, e impedir que o mundo tenha um destino tão terrível.A partir daí, é necessário revisitar as fases por quais você passou,através de um menu de seleção de fases, procurando personagens e achando pistas que possam resolver o mistério e salvar o mundo.O que poderia ser apenas um modo picareta de aumentar a duração do jogo é justificado por mudanças nas fases já revisitadas e algumas fases novas liberadas nesse processo.As muitas surpresas no roteiro, amarrados com um surpreendentemente boa história (diria que é a melhor história original em qualquer jogo do GBA), e um final capaz de arrancar lágrimas dos mais sensíveis fazem deste uma experiência que vale a pena.



Astro Boy:The Omega Factor é um jogo recomendadíssimo para todos que tem ou gostam do Game Boy Advance e fãs de jogos de ação com um feeling mais old-school.È simplesmente obrigatório para fãs de Astro Boy, e é impossível terminar o jogo sem virar fã da galeria de personagens de Osamu Tezuka.Apesar de ser um pouco curto, apresenta uma história e jogabilidade superior a de muitos jogos para consoles "grandes".Compre ou emule, jogue e divirta-se.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Carne dos Anjos Caídos

"Dei a última pressionada no botão de Enter.O último clique do mouse foi um estalo, como uma surpresa terrível num dia terrível.Havia acabado, enfim, aquela que seria apenas mais uma análise.A luz do monitor me encarava sordidamente, como um cachorro admirando um saco de ração.A atmosfera do quarto pesava como uma picape dirigida pelo Faustão.Agora só faltava publicar, mesmo que estivesse condenada a ninguém ler, já que o público-alvo consumidor dos jogos moderno, não sabe apreciar maneirismos de escritas arrojados e blogueiros de narizes empinados.Porém, fui em frente.Acabaria ali, naquela noite..."



Aham.Depois de mais uma das minhas viagens pseudo-literárias, podemos começar a análise.Max Payne é um jogo de tiro em terceira pessoa, lançado em 2001 para PCs desenvolvido pela companhia finlandesa Remedy Entertainmente.A versão para PC não foi a única, já que foram feitas versões do jogo para PS2, XBox (estas versões feitas pela toda poderosa Rockstar) e até uma versão para GBA, que eu joguei e é bem melhor do que você está penando.Mas monólogos internos prolixos á parte, sobre o que é este jogo?



Max Payne conta as desventuras de um policial homônimo.Max era um sujeito normal, até que um dia chega em casa e encontra a mulher e filha pequena mortas por dois sujeitos drogados por uma substância misteriosa.Três anos depois, ele ainda não se recuperou do trauma, e agora trabalha como um policial infiltrado na máfia de Nova York.Uma noite, porém, seu parceiro é morto, seu disfarce na Máfia é descoberto, e ele se vê metido até o pescoço num esquema que envolve a Máfia é uma poderosa empresa, e sua igualmente poderosa diretora.Agora ele não tem nada a perder, o quê é uma boa prerrogativa para massacrar alguns bandidos.A história lembra um pouco o personagem da Marvel, Justiceiro, uma das muitas influências do jogo.Mas Max não é um super herói, apesar de ele também ter um super poder para usar na sua cruzada contra o crime.



A maioria das pessoas que viram o filme Matrix não saíram do cinema se lembrando da história complexa ou de suas ponderações filosóficas, mas sim das incríveis cenas de tiroteio, nas quais o tempo diminuía de velocidade, e viam-se as balas perfurando o ar, enquanto o protagonista desviava delas.Essa idéia é aproveitada na mecânica de bullet-time, usada extensivamente no jogo.Durante a passagem de Max no submundo de Nova York, ele encontrará toda a sorte de mequetrefes armados até os dentes, prontos para transformar o policial com tendência á metáforas em queijo-suíço.Mas com um clique do botão direito do mouse, o bullet-time é ativado, e então é possível desviar das balas e mirar nos inimigos com mais precisão.Há um limite para o uso deste poder, mas dificilmente ele é alcançado.Essa mecânica joga um pouco de tempero no que seria apenas mais um jogo de tiroteio genérico.Sem o bullet-time, o jogo ficaria até difícil demais, e vale lembrar que ele já é bastante difícil, mesmo no modo de dificuldade mais brando.



Mas engana-se quem pensa que Max Payne é um jogo focado apenas em tiroteio.Bom, para falar a verdade é sim, e você não vai fazer muito mais que atirar em vários tipos de capangas durante o jogo.Porém, a história do jogo é contada de um modo bem interessante:através de uma graphic-novel virtual.Entre as fases, e quando o personagem interage com objetos ou chega em determinados pontos do cenário, essas pequenas sequencias são ativadas, e fazem um bom trabalho de imergir o jogador no mundo sujo do jogo.Essas sequencias contam com dublagem e bons desenhos que usam técnicas digitas, e podem ser revistas a qualquer momento do jogo, numa sequencia contínua, o que é bom para encaixar os pedaços das história que é mais ou menos complicada.Nessas sequencias se nota uma influência dos quadrinhos da série Sin City, de Frank Miller, o que indica um bom processo de pesquisa, visto que o filme que popularizou (ou massificou, dependendo de quão fanboy você é) a série é de 2005.Essa não é a única influência do jogo, já que existem várias referências a filmes de Jonh Woo e até paralelos surpreendentes com a mitologia nórdica.Outro detalhe importante são as duas incrivelmente bizarras fases de sonho (sendo uma delas uma viagem alucinógena em que o protagonista se dá conta que está num jogo de computador e atira numa versão de si mesmo), que servem para detalhar toda a psique perturbada do personagem, e também para colocar o jogador em desafios como labirintos e pulos com gravidade alterada.Ah, é, e não vou me esquecer de falar do incrível nível em que Max tem que escapar de um restaurante que está indo pelos ares.



Mesmo com tudo isso, o foco de Max Payne continua sendo no tiroteio, e o jogo apresenta uma grande variedade de armas para isso, como pistolas, escopetas, granadas, espingardas e as ótimas submetralhadoras duplas.Mas todo esse tiroteio não fica cansativo, pois ele é apresentado em situações diferentes e cenários variados.Estes cenários também são cheios de pontos interativos e destrutíveis, que revelam porções dos cenários onde estão escondidos os utilíssimos analgésicos, que servem para recuperar energia, e munição extra.A munição é distribuída fartamente, mas não ao ponto em que você poderá passar o jogo todo confiando numa só arma.O mesmo não pode ser dito em relação ao Analgésicos, que vem escassamente em dados momentos (especialmente no início do jogo), e em outros momentos vem aos montes.É sempre bom ter um estoque destes á disposição, já que alguns duelos com os inimigos (que Sempre vem em grupo e estão substancialmente mais armados que você) pode tirar largas partes da energia.Quantos aos inimigos, nota-se umas das falhas do jogo; algumas vezes os inimigos detectam a sua presença antes de você entrar na sala onde eles estão.Mas a inteligência artificial se mantém num nível bom, mantendo a dificuldade do jogo equilibrada, mas sempre alta.



O som do jogo é excelente, desde ás vinhetas climáticas, aos efeitos sonoros realistas de tiros e explosões.A dublagem também é muito boa, e eu dou destaque para o sujeito que faz o voz de Max, que é sempre grave e sinistra, e que dá dignidade mesmo ás metáforas mais cafonas e pretensiosas do tira.E acredite, elas são muitas (De onde um policial nova-iorquino tirou tanto vocabulário?Com certeza não foi dos donuts!).Max Payne também teve uma versão com texto e áudio em português, que infelizmente não posso julgar porque simplesmente não foi a que eu joguei.O jogo também vem com uma série de ferramentas de modificação, o que gerou algum mods relativamente populares baseados em kung-fu e o filme Matrix.Este jogo também gerou uma igualmente boa sequencia, influenciou dúzias de jogos que usam o bullet-time até hoje, e voltou á mídia recentemente graças ao anúncio que um filme baseado nele vai ser feito e com Mark Wahlberg no elenco (sabe, aquele sujeito que fez o remake de O Planeta dos Macacos e já tem uma experiência prévia bastante bizarra com games).



O veredicto do jogo é simples:se você gosta de jogos de ação, jogue.Se você acha tiroteio chatos e monótonos, este é um jogo que vai te fazer bocejar bastante, a não ser que você seja um entusiasta de quadrinhos.O jogo peca por ter uma conclusão muito anticlimática,e ser um pouco curto, mas no total, é um jogo divertido e com bons gráficos, mesmo sendo um pouco repetitivo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Viajando Pelos Céus Rubros

Existem categorias de jogos que podem ser consideradas universais, como os de puzzle ou de plataforama.Afinal, quem resiste a jogar uma partidinha de Tetris ou correr e esmagar uns Goombas com o Mario?Mas existem outras categorias que dificilmente formam unanimidades.Simuladores de corrida, jogos de esporte, jogos de luta, ou simuladores de vôo, entre outros são categorias que, não importa o quão positivo sejam uns reviews, vai ter gente sempre torcendo o nariz.E com razões, já que são tipos de jogos claramente mirados um tipo de público em especial.Eu não gosto muito de jogos de esporte (mentira:eu detesto!O único jogo de futebol bom é Megaman Soccer!Yeah!), e nunca tive paciência para aprender as intrincâncias de um Flight Simulator.Uma experiência traumática com um certo simulador de avião de "combate" chamado F-22 Raptor (combate era pra decorar todas as teclas pra fazer aquela joça levantar vôo!) também ajudou a me afastar de qualquer jogo com um avião na capa.Meu estilo sempre foi mais Star Fox.Mas, agora, durante a minha cruzada para jogar todos os jogos clássicos, esquecidos ou ignorados da humanidade, eis que me deparo com um jogo com um avião na capa, e que além de divertido, acessível, e cheio de personalidade, também é difícil o suficiente pra querer fazer voltar pro Flight Simulator.



Crimson Skies foi lançado em 2000, e é baseado numa propriedade intelectual mais ampla de mesmo nome.Crimson Skies deu origem não só ao jogo, mas como também livros, coleção de miniaturas e jogos de tabuleiro, porém a encarnação mais popular é este jogo de batalha de aviões para PC.A pano de fundo do jogo é bastante original: após a Grande Depressão, os Estados Unidos se subdividiram em várias Minis-Nações.Com a quebra dos meios de transporte convencionais, o transporte aéreo saiu bastante fortalecido, o que faz com que zepelins e aviõessejam o meio de transporte mais viável.Mas com o aumento do fluxo aéreo, também surge a pirataria aérea, com gangues de aviadores mal-intencionados pilhando carga e sequestrando passageiros.O personagem principal dessa epopéia voadora, porém, é um sujeito com mais escrúpulos que a maioria da escória dos ares.



Nathan Zacary da gangue Fortune Hunters é o personagem que o jogador encarna, e a narrativa do jogo é conduzida com simplicidade, porém muito estilo, durante pequenas cenas que alternam animação e atores reais, briefings de missões , e durante os papos dos personagens durante as missões.Esses papos servem para vocês se enturmar com os membros da sua gangue, já que você vai precisar da ajuda deles muitas vezes, e também para trocar gentilezas com os pilotos inimigos.Vale lembrar que o jogo não tem legendas, então ter tirado A+ durante os seus Listening Tests no curso de inglês é requisito básico.A história contém vários elementos que fazem parte desse clima "pulp" do jogo, como piratas maléficos, filhas de cientistas geniais, diretores de cinema picaretas, femmes fatales, e contadores assustados.Vale ressaltar o ótimo trabalho dos dubladores do jogo, já que boa parte da história ocorre apenas pelas mensagens dos personagens.Outro coisa a lembrar são os pequenos detalhes que adicionam mais personalidade ao jogo, como a tela de seleção de missões na forma de um diário de bordo, enfeitado com fotos, notinhas e bilhetes, e nas fotos de pin-ups que aparecem no tela de pausa e menu principal.Conforme o jogo avança, você ganha novas fotos para embelezar as telas do jogo.É um detalhe pequeno, mas como dito, contribui bastante para o clima do jogo.A trilha sonora também é de nível, com ótimos (embora um pouco repetidas ao longo do jogo) temas de pirataria.O uso do som também é perfeito, com o som do zunido das balas dos inimigos adicionando tensão constante aos combates.



Quanto a jogabilidade, pilotar os aviões é divertido, porém sempre desafiador.Os controles são fáceis de aprender, porém, o jogo não apresenta nenhum tipo de tutorial para aprendê-los, ou seja, é bem capaz de avançar no jogo sem saber de um truque ou outro, como diminuir a velocidade ou fazer uma curva horizontal, o que facilitaria a vida.As fases do jogo apresentam uma grande variedade de objetivos, como destruir zepelins, proteger o Pandora, o seu zepelim, voar por cima de trens para salvar uma pessoa de lá, passar por corridas de obstáculos, ou escoltar um avião gigante.Apesar da variedade, uma coisa que se mantém constante no jogo é o nível de dificuldade ridiculamente alto.Se você morrer durante uma missão, você deve jogar desde o começo tudo de novo.Não há checkpoints ou sistema de vidas, e também não há como recuperar o dano causado pelos seus inimigos no seu avião.Sem contar que bater ou raspar no solo é quase sempre sinal de que o seu avião vai pras cucuias.Como algumas missões exigem colocar o avião em lugares apertados, o nível de frustração pode ser bem grande.Realmente, um sistema de checkpoints ajudaria muito no jogo.Mas talvez o faria perder essa aura hardcore.Aliás, a minha política é de analisar um jogo apenas quando eu o zero, e este joguinho aqui está na fila pra ser zerado desde maio deste ano!!!Uma curiosidade é que eu dificilmente teria conseguido chegar no final, se não fosse um mecanismo que permite ao jogador pular a fase após sucessivas derrotas.Eu não sei se isso é do jogo ou é alguma macumba do crack que eu baixei, mas que ajudou, ajudou, hehehe...



Mas existem vários jeitos de domar a faustiana dificuldade do jogo.O jeito mais obrigatório é construir novos aviões com o dinheiro que você ganha ao completar missões(sem usar o macete de pular de fase, claro...).Isso é obrigatório, pois passar o jogo todo com um avião só-como o newbie aqui tava fazendo- se revela praticamente impossível.Certas missões exigem aviões mais ágeis, mais resistentes, com mais poder de fogo, ou mais rápidos.Montar o seu avião é uma tarefa relativamente simples, já que o dinheiro nunca está em falta, e é possível vender aviões antigos.Se deve ficar de olho apenas em não extrapolar o peso do avião.è possível escolher o modelo, munição, motor, colocar armadura, e até modificar a pintura.A montagem pauta-se principalmente em tirar de uuma parte e botar em outra.È melhor ter um avião mais rápido,em detrimento de um mais resitente?Depende da missão.



Quanto ao fator replay, não existem missões extras depois de terminar o jogo (mas acredite em mim, isso vai demorar...),mas existem as chamadas "stunts", manobras que você deve realizar nas fases, ao passar por determinados lugares.O jogo não indica quais são esses lugares, mas é fácil descobrir: o jogo trava quando você passa por eles, e é sempre um lugar apertado e desafiador que praticamente implora pra você passar por ele.Para conseguir registrar a stunt, porém, é necessário terminar a missão.Aí já viu, né...Existe tambéma possibilidade de jogar online, mas a minha notória resitência aos modos multiplayer, somada á estagnação dos servidores e da comunidade de jogadores (o jogo é de 2000, esquueceram?), acabaram não me fazendo aproveitar o modo.Se bem que, tentar completar honestamente todas as missões que você irá pular (o quê eu estou fazendo agora) já garante o fator replay quase infinito ao jogo...



Crimson Skies recebeu uma sequência para Xbox em 2003, que também foi muito elogiada, porém não muito popular (alguém por um acaso tem um Xbox???).Este é um jogo que seria interessante de receber um update para a nova geração, pois as mecânicas simples e divertidas com gráficos atualizados ajudairam a diminuir o prconceito com jogos de avião, já que este é um jogo de ação, e não um simulador.Este um daqueles jogos que sempre dá vontade de volatar pra jogar mais um pouquinho, mesmo que você já tenha ele instalado a seis mese, como no meu caso.Os diálogos bem escritos e interpretados,a história e ambientação originais, a jogabilidade excelente, e a dificuldade de arrancar os cabelos fazem deste um jogo a ser lembrado, para os fãs de aviação, combates, boa história,quem sabe o que é pulp, e pessoas que sabem apreciar um bom desafio.

domingo, 16 de setembro de 2007

TOP 7

Música é uma parte integral da experiência de jogar um jogo, tanto que muitos compositores se esforçaram para criar trilhas sonoras tão memoráveis quanto os jogos que as acompanham.Mas eu dado momento, em certos jogos, a música toma o foco de atenção, seja num número musical, seja num minigame, seja numa sequencia de animação.Para aproveitar a chegada do Video Games Live (é hoje em São Paulo, semana que vem no Rio-e eu vou! -e dia 30 em Brasília), eu resolvi preparar um Top 7(Lê-se "Top Sete")com os momentos musicais mais memoráveis (no bom e no mau sentido) dos games (embora existam muitos games recentes aqui, apesar de aqui ser o Gamer Atrasado)

TOP 7-Grande (ou não) Momentos Musicais em Games

7)Donkey Kong 64-Nintendo 64
O número de abertura deste ótimo jogo de plataforma para o Nintendo 64 ficou gravado nos tímpanos e retinas de qualquer um que o viu.Não por sua qualidade, mas pela imensa tosqueira que isso tudo aqui é.Na esperança de fazer uma coisa "cool" e que servisse pra introduzir as habilidades dos personagens, a Rare sacou um rap (se fosse aqui no Brasil, seria um funk) com alguns dos versos mais inacreditáveis já concebidos pela indústria cultural nesses últimos 100 anos."Ele não estilo/Ele não tem graça/Esse Kong tem uma cara engraçada”.Ai, ai, e eles ainda remixaram essa música pra tocar ao fundo em Super Smash Bros Melee...



6)Conker´s Bad Fur Day-Nintendo 64,Xbox
A Rare faz de novo um número musical bizarro e medonho, mas pelo menos aqui eles não estavam se levando a sério.Conker´s Bad Fur Day era um jogo de plataforma não muito convencional, que se baseava no tripé do humor negro: sangue, sexo e escatologia, este último representado aqui.A batalha contra o monstro de cocô da montanha Poo é uma das mais memoráveis de todos os tempos, graças também a uma letra de vomitar de tanto rir (e quase tão constrangedora quanto à do DK Rap-QUASE), e também pelos métodos que são utilizados para derrotar a criatura.Essa também é a prova do potencial criativo ilimitado dos games; Sim, South Park pode ter um cocô falante feliz, mas um cocô falante que canta ópera?Viva a originalidade dos games!



5)Final Fantasy X-2-Playstation 2
Esse Final Fantasy é talvez o mais diferentes de todos.Não só é uma sequencia direta á um episódio da série-coisa que nunca tinha havido antes- com também tem um elenco totalmente feminino, e uma das aberturas mais bregas e sensacionais da história da série.Veja as estripulias de Rikku e Paine enquanto Yuna faz um show de J-Pop, e entenda:



4)A sua primeira música em Guitar Hero-Playstation 2
Guitar hero é um fênomeno, um dos jogos mais simples e divertidos lançados nesses últimos tempos.Simples, porém não fácil, já que mesmo quem já está acostumado com guitarra pode penar um pouco para aprender.O primeiro contato com o jogo, porém, apesar de muitas vezes desastroso, pode ser tão memorável quanto qualquer momento aqui.E para os desprovidos de um PS2, podem procurar na net um certo jogo chamado Frets on Fire, uma versão de Guitar Hero para o pc.È melhor que ficar tocando no controle.GONNA BE A GUITAR HEEEEEROOOOOOO!



3)Metal Gear 3-Playstation 2
A série Metal Gear sempre teve aspirações "jamesbondianas", mas só no seu terceiro episódio, passado nos anos 60, que o jogo pode explorar essa posssibilidade.Ao som de uma música cantada por Cyntia Harrell (a mesma cantora do tema dos créditos de Castlevannia:Symphony of the Night,"I am the Wind" com aquelas clarinetinhas á lá Kenny G), o video mostra trechos da aventura,no melhor estilo "abertura de filme do James Bond"



2)Gears of War-Xbox 360, PC
Esta com certeza nem teria aparecido na lista não fosse uma visitinha minha ao Gamespy outro dia.Este curto video é um trailer de apresentação do jogo, mas, mesmo não sendo parte diretamente de Gears of War, consegue ser impactante e belo na mesma medida.O efeito que ele provoca é o mesmo das imagens que ele evoca: devastação.



1)Final Fantasy 6-Super Nintendo,Playstation,GBA
"Completamente inesperado" seria o conjunto de palavras que definem este, que sem dúvida alguma é o maior momento musical dos games até hoje.Para solucionar um problema (arranjar um airship), a personagem Celes tem de se passar por uma cantora de ópera, e o resultado não poderia ser mais legal.Apesar de relativamente simples ( e com vozes sintetizadas bastante competentes), a sequencia entrega emoção na medida certa.E já falei que depois você tem que impedir um polvo gigante de jogar uma bigorna em cima da Celes?Ah, os bons tempos do 16bits...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Macacos Me Mordam!

Por mais que todo mundo saiba que o Nintendo 64 foi um fracasso em comparação com o bem-sucedido Playstation (talvez por que era mais barato, talvez porque tivesse 15 mil jogos a mais), não há como negar que no gênero plataforma o console da Nintendo obteve jogos muito melhores que os da Sony, em parte devido aos jogos da própria empresa, em parte pelos da então second-party Rareware.Mas existe um título para o Playstation, no meio dos muitos Crashs e Spyros, que prima pela característica mais prezada nos jogos da Big N: a inovação.Ah, e ele envolve macacos, muitos macacos.



Ape Escape foi lançado pela própria Sony em meados de 1999, e foi um dos primeiros jogos a fazer uso extensivo do controle Dual Shock (aqueles das duas alavanquinhas), lançado mais ou menos na mesma época, e até hoje é um dos jogos que fazem a utilização mais criativa do controle.Em vez do esquema de "a da esquerda controla o personagem, a da direita a câmera"-norma principal de 99,9% dos jogos de ação do Playstation 2-aqui as alavancas devem ser chacoalhadas de vários modos para se usar uma diversidade de bugigangas eletrônica.Isso sem contar os divertidos minigames liberados ao longo do jogo.



A história de Ape Escape é completamente estapafúrdia, mas não que isso vá incomodar alguém.Tudo começa quando um ingênuo macaquinho albino chamado Specter entra em contato com um capacete que lhe expande a capacidade mental á altos níveis, e também o deixa com uma franjinha estilosa, porém meio emo.Então, ele liberta todos os macacos do parque de diversão onde eles estavam presos, rouba uma máquina do tempo de um professor chamado Professor, e libera a macacada por diferentes eras para alterar a história e fazer os macacos serem a espécie dominante.E ele também faz lavagem cerebral em Jake, o melhor amigo de Spike, este o herói do jogo, para que ele fique DO MAL!Então, Spike deve viajar pelo tempo para recapturar toda a macacada e enfim se confrontar com Specter!Mas para poder cumprir esse objetivo, ele precisará da ajuda das muitas bugigangas inventadas pelo Professor e pela sua sobrinha-assitente, Natalie.Essa história é contada numa série de filmes bem mal-dublados, que na versão que eu arranjei Jake se chamada Buzz, Natalie se chamada Katie, e pior, todos os personagens tinham um sotaque "british" irritante que me fez achar que os macacos do jogo seriam os Arctic Monkeys.



Do começo, Ape Escape parece um joguinho de plataforma mais modesto, visto que as fases não são tão monstruosas quanto as dos jogos de plataformas do Nintendo 64.Mas logo que você sai do Hub World (uma estação espacial temporal, em que você acessa treinamentos e minigames) e vai jogar, você vê que existe um diferencial.Como eu disse, praticamente nada no jogo requer botões, exceto pulo, câmera e trocar de bugiganga.Enquanto a alavanca da esquerda controla Spike, a da direita controla a bugiganga.Ou seja, supondo que você está com o Stun Baton, a principal arma ofensiva do jogo, e empurre a alavanca pra frente, o personagem vai dar uma pancada com o objeto pra frente.No começo, é difícil de pegar o jeito, mas com o tempo é fácil de acostumar.Cada bugiganga requer um movimento diferente da alavanca da direita; O estilingue requer que você puxe a alavanca pra baixo e depois solte para atirar, o Sky Flyer requer que você gire a alavanca rapidamente para voar ou planar, o RC Car permite que você controle um carrinho de controle remoto junto com o personagem...Também existem momentos em que Spike deve dirigir veículos com as duas alavancas, como um barco a remo e um tanque de guerra,Porém, o item mais importante aqui é a Time Net, que servem para capturar os tais macacos pelo jogo.



Por falar neles, os tais macacos neuróticos e hiperativos são os verdadeiros astros do jogo.Ao contrário dos jogos de plataforma tradicional, onde o objeto de coleção, como uma estrela ou uma peça de quebra-cabeça, fica lá paradinho e escondido te esperando, se o macaco te enxergar, começa uma corrida maluca atrás do símio ensandecido, que fica jogando cascas de bananas para Spike tropeçar e também o enche de tabefes o moleque.Sem falar que os macacos não são todos iguais, tendo diversos níveis de força, percepção e velocidade, o que exige uma estratégia diferente para certos macacos(embora não muito).È possível uma aproximação stealth estilo Solid Snake (que já teve que resgatar os macacos numa missão extra hilária em Metal Gear 3:Snake Eater), ativada usando o clique da alavanca que controla o movimento, e aí usar a rede quando estiver próximo do macaco.



Para avançar no jogo, é necessário apenas capturar um certo número de macacos por fase.Porém, para chegar á última e supersecreta fase, é preciso capturar todos os macacos do jogo.Essa tarefa, porém, é mas agradável que a jornada obrigatória inicial.È impossível capturar todos os macacos passando apenas uma vez por uma fase, já que Ape Escape segue aquele mandamento clássico dos jogos de aventura em 3D:
"Voltarás sempre ás fases anteriores depois de aprender novas habilidades para pegar os itens que deixou pra trás".
Porém, repassar os cenários é talvez mais divertido que passar por eles inicialmente, já que com o item Monkey Radar, achar os macacos é uma tarefa relativamente descomplicada, pois os macacos não estão escondido em lugares impossíveis.Para os mais aficcionados, o desafio está em encontrar todas as moedas douradas gigantes com a cara de Specter, estas mais escondidos, e que liberam minigames divertidinhos, que também usam das duas alavancas: um de esqui, rápido e animado, outro de boxe, com o controle um pouco mais molengo, e o último semelhante á Asteroids.Apesar de bons para o multiplayer, e complexos o suficiente para uma produtora mais picareta querer fazer jogos stand-alone com essas mecânicas, mais joguinhos poderiam ser disponíveis do que apenas três.



Muito pode discutir a respeito de Playstation X Nintendo 64, jogos de plataforma, e macacos, mas uma coisa é certa: Ape Escape é um dos melhores jogos de plataforma (se não o melhor) desenvolvido para o Playstation.As ideías do jogo são tão originais e interessantes que geraram duas sequências para o Playstation 2 e um remake para o PSP(que, como não tem as duas alavancas, perde bastante do feeling original.)Apesar de não ser o mais profundo ou desafiador dos jogos de paltaforma, inova no manuseio das alavancas, e tem um fator de replay alto, não sendo um jogo enjoativo.E é também cheio de personalidade, como todo bom jogo de plataforma deve ser.È só ignorar as dublagens e a franjinha do Specter.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Uma Espada, um Escudo e uma Lenda

Como jogadores de videogame, todos nós temos algum feito gamístico incrível do qual podemos nos gabar, tipo pegar todas as estrelas do Mario 64, zerar Ghouls´n Goblins,ou terminar algum adventure da Lucasarts sem usar um guia.Porém, também existem aqueles "conquistas" duvidosas das quais pouca gente se orgulha.Dentre as minhas mais bizarras vergonhas gamísticas estão nunca ter passado do primeiro CD de Final Fantasy 7 por que enchi o saco,nunca ter dado muita atenção á The Legend of Zelda:Ocarina of Time,e nunca ter conseguido zerar nenhum Pokémon por causa de uma combinação complexa de falta de paciência,save files corrompidas,e tabefes acidentais em Gameboys.Pelo menos hoje, eu posso dizer que eu me livrei de um desses estigmas nérdicos.



Ah, Ocarina.Caminhos tortuosos são esses que me conduziram até você.Meu primeiro contato com esse jogo foi a bastante tempo,lá na época em que eu alugava jogo,e foi no mínimo frustrante,afinal eu era novinho e não entendia como resolver os puzzles(eu preferia -e acho que prefiro até hoje- Jet Force Gemini,aquele desconhecido jogo de tiro em terceira pessoa onde você chacina insetos alienígenas malvados),o que sempre me fez pensar que este era um título supervalorizado.Com o tempo, eu voltei á jogá-lo esparsamente algumas vezes, o que fez a minha curiosidade voltar.Mas achar um cartucho de N64 funcionando não é tão simples quanto parece (ou eu que sou preguiçoso, sei lá) e eu acabei tendo contato sério com este jogo apenas este ano, quando os acasos do destino fizeram com que experimentasse um emulador de N64.E qual foi a primeira ROM que eu baixei?Acertou quem disse...Paper Mario.Tá, mais a segunda foi Ocarina of Time.Bom, eu também podia ter adquirido esses jogos legalmente e com uma jogabilidade substancialmente melhor no Virtual Console, se o meu Wii não estivesse com um problema bem chatinho.Pois é, eu tenho um Wii.E não jogo.Ainda.Mas essa é uma outra história, pra outro dia e pra outro blog.



Mas enfim, Ocarina.È complicado fazer uma avaliação de um jogo tão universalmente aclamado sem dizer detalhes que praticamente todo mundo sabe, mas vamos lá.Este quarto episódio da série Zelda (ou quinto, se você contar com Link´s Awakening pro Gameboy)passou por um período de desenvolvimento de três anos,e as expectativas eram grandes,pois este jogo deveria traduzir a experiência dos Zeldas 2D para as fronteiras até então pouco exploradas do 3D.Não é preciso dizer que, quando foi lançado em 1998, superou de longe todas as expectativas, com coisas como um mundo gigante e cheio de segredos e puzzles que usavam de física quase realista.Podia não ter vozes e longas cenas de animação como os jogos do concorrente Playstation,mas tinha (e ainda tem) charme e boas idéias de sobra.Mas e ao olhar de hoje em dia, quando praticamente todos os jogos de aventura e exploração pós 1998 foram influenciados de alguma forma por Ocarina?Sim, ele ainda é um jogo do cascalho.Eu não tenho problema com gráficos datados e outras peculiaridades de jogos antigos, (analisar jogos velhos é a proposta do blog), porém os bons jogos e suas boas idéias NUNCA ficam datados.O vovô e a vovó jogavam damas lá na época da carroça, e não é por causa disso que a molecada de hoje em dia parou de jogar damas (Falar a verdade a molecada de hoje em dia prefere GTA,mas enfim).



Não é preciso explicar detalhadamente como começa Ocarina:garoto sem-fada da vila de crianças da floresta recebe uma fada, e aí parte para uma série de aventuras que o levarão para lugares exóticos e distantes,e até mesmo para um futuro apocalíptico, onde o pacífico mundo de Hyrule foi dominado pelo seu arqui-nemesis, Ganondorf.Para isso, ele deverá atravessar templos a procura de medalhões mágicos e dos sacerdotes que o ajudarão a derrotar o malvadão.Muitas pessoas argumentam que a história de OoT é meio fraquinha, porém, a verdadeira força da trama deste jogo está no seu alto grau de simbolismo,o que torna o jogo passível a interpretações mais profundas,e comparações com os muitos mitos fundadores da nossa civilização.O herói tem de abdicar de sua inocência (a infância, no caso) para embarcar numa jornada cujo objetivo será unir os povos do "mundo"(Hyrule).E é por isso que cada sacerdote de cada templo representa uma raça; só reunindo todos os povos do "mundo" é que o herói poderá derrotar o mal que consome aquele mundo.



Mesmo com uma história rica em interpretações mais viajantes, todo mundo sabe que a história em qualquer Zelda serve apenas como aperitivo para a parte mais bacana: a exploração.Após ser introduzido á fadinha mala Navi,e uma pequena busca por uma espada e um escudo,Ocarina manda logo de cara um labirinto (você sabe, em Zelda labirintos são aqueles lugares cheios de enigmas em que você tem que achar um mapa, uma bússola, um item especial e matar um chefe pra pegar um tesouro), a Deku Tree, que já serve para demonstrar os engenhosos puzzles que a terceira dimensão proporciona,como pular de uma grande altura para arrebentar uma teia de aranha e usar um galho como tocha.Com o labirinto ganho, você ganha logo ganha acesso ao mundo de Hyrule,e aí a coisa começa de verdade.



Quando você está fora de algum labirinto e está explorando Hyrule, o jogo revela uma pequena falha: a falta de intuitividade.È muito fácil ficar perdido ou "empacado" em OoT porque o jogo simplesmente não indica o que é pra fazer agora.Quer dizer, a Navi bem que se esforça, porém as suas dicas dificilmente ajudam (“Há algo errado na Montanha da Morte","Porquê não vamos ao Lago Hylia?").Apesar disso, a grande graça é descobrir oos pequenos segredo e ser recompensado por eles.E a recompensa nem sempre precisa vir na forma dos famigerados (e muito bem escondidos) Pedaços de Coração.O melhor exemplo é quando se consegue a égua Epona, uma busca que não é necessária para terminar o jogo.São pequenos detalhes, como agarrar uma galinha, saltar de um lugar alto e sair voando para um lugar desconhecido, estourar uma parede com uma bomba, ou tocar uma música e revelar uma passagem secreta, coisas que fazem da jornada estimulante e recompensadora.



E por falar em música, vamos para um detalhe importante; Apesar de transpor todos os itens de Zeldas posteriores para o 3D, os criadores do jogo não se contentaram e incluíram um item inédito, a Ocarina do Tempo, que dá nome ao jogo.Agora, com tanto tempo passado, as pessoas esquecem como a idéia da Ocarina é simples, porém muito inteligente.O item pode ser ativado a qualquer hora, e pode memorizar melodias que servem para resolver diversos puzzles durante o jogo.Algumas músicas têm efeitos diretos no ambiente do jogo (como a Sun Song ou a Song of Storms), enquanto metade serve para teleportar Link de um ponto do mapa pra outro.Mas é claro que isso não teria tanta graça não fosse a notável qualidade das músicas de Zelda.Aliás, a Ocarina se tornou tão popular que teve gente tirando músicas de verdade, tipo o tema dos Simpsons, ou a Marcha Imperial de Star Wars no instrumento virtual.



Mas é claro, existem outros itens no jogo.Os itens estão dividos entre os quais podem ser usados (como o Arco-e-Flecha) e equipados (como as Túnicas Azul e Vermelha), e servem para resolver as múltiplas pendengas nos labirintos, e também fora deles.Como dito, cada labirinto tem um objeto necessário para ele, mas eles não ficam limitados apenas ao item.Cada um dos 8 labirintos(ou 11,se contar o Bottom of the Well,a Ice Cave e o Castelo do Ganon) tem uma característica marcante, seja a cooperação com a princesa Ruto na Jabu-Jabu Belly,os puzzles envolvendo corredores retorcidos no Forest Temple, ou o "elevador aquático" do Water Temple (Notinha:eu demorei duas semanas para passar desse maldito templo!E foi sem a Blue Tunic,porque eu não descongelei aquele fdp do Rei Zora!Ah,eu odeio esse templo!).Enquanto alguns templos são resolvidos mais linearmente, outros exigem um pouco mais de pensamento.Não é só ficar empurrando caixas, enfim.



Eu não estava simpatizando muito com esse jogo, enquanto o estava jogando.Porém, eu me lembro que no dia seguinte ao dia que eu terminei-o, eu senti vontade de voltar a jogar.Foi aí que eu me dei conta o quanto eu estava realmente envolvido com toda a atmosfera do jogo.OoT pode ter alguns momentos irritantes,mas tudo isso some quando se consegue aprende uma nova música,ou se pega um novo Pedaço de Coração.È uma aventura construída junto com o jogador, e não fora do controle dele, e da qual ele tira a sua própria experiência.Mas isso leva aquela discussão já batida de que se jogos eletrônicos são arte ou não.Olha, eu pessoalmente acho que tanto podem ser quanto podem não ser.



Retomando o exemplo lá de cima, alguém pode enxergar beleza artística num jogo de damas?È claro que as estratégias dentro da mecânica de um jogo podem ser consideradas belas, mas isto não é o suficiente.Você consideraria Tetris arte?
Por outro lado, nada impede que um jogo contenha um excelente texto, boa música como trilha sonora,beleza plástica em suas imagens,e uma história que provoque uma reflexão.Muitos jogos foram aclamados em todos esses quesitos, porém, as outras artes podem alcançar aclamação por um desses atributos, que na verdade, as define.Livros trazem bons textos, orquestras e bandas produzem boa música, pinturas e instalações artísticas trazem beleza á visão, o cinema junta vários destes aspectos, e todo essas obras podem induzir a reflexão.Porém, um jogo não precisar se limitar a apenas reproduzir e misturar as expressões artísticas dessas mídias, já que interatividade permitida num jogo é inalcançável em nenhuma destas.Por isso, os jogos modernos podem estar saltando do nível de ser uma mera experiência lúdica (e talvez não-artística), para uma verdadeira experiência interativa multifacetada.Basta só boa parte da indústria (e a sociedade, por extensão) acordar pra esse fato.



Resumindo: The Legend of Zelda:Ocarina of Time é um jogo excelente.Pode não ser tão perfeito quanto muitos dizem, mas chega muito, muito perto.Altamente recomendado.Se for arte ou não, jogue e tire suas próprias conclusões.Agora licença porquê eu vou começar um novo jogo em Pokémon Amarelo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

No espaço ninguém irá ouvir seus gritos

FERREIRA 17.JUL.07
re:Análise

"Puf,puf...Oh não, eles estão chegando!Eu tenho que escrever isso rápido...Puf,puf......Ah não, a arma emperrou! -BANG!BANG!- Desemperrou.Puf,puf...Estou quase chegando na porta.Eles estão me alcançando!OH NÂO! -BANG!BANG!CLICKCLICKuuuuurrrrrrrghhhhhkillllmeeeeeeeeeBANG!splocht.bzzzzzzzzzz...



È incrível como alguns jogos tão fascinantes passam completamente despercebidos.Por exemplo, se você disser o nome "System Shock" em alguma sala cheia de fãs de jogos de computador, dificilmente alguém moverá uma palha.Porém, este é um daqueles típicos casos de nomes familiares, onde todos já ouviram falar, porém ninguém jogou.Mas na nossa era de eMules e BitTorrents, é fácil matar a curiosidade com alguns cliques e paciência (se você tiver uma conexão 200k como a minha).System Shock 2 é a sequência do jogo System Shock (dã),lançado em 1994, este no qual você controla um hacker que enfrenta monstros e um sistema de computador maligno.È sabido que este jogo foi bastante influente, assim como o seu sucessor, este lançado em 1999.SS2 é jogo de aventura futurista em primeira pessoa,mas que mistura
elementos de outros estilos, como RPG,adventure e terror psicológico.



A jogo começa com "você" (o seu personagem), se alistando nas Forças Armadas de uma organização de segurança mundial,a UNN.Após um curto treinamento e escolher a qual divisão do exército você irá pertencer (Marines,especialistas em tiroteio,Navy,especialistas em tecnologia e hackear computadores,e a OSA,especialista em uso de habilidades psíquicas.),você passa por 4 anos de treinamento em missões da sua escolha.Porém você não joga estas missões,apenas as escolhe para determinar os atributos numéricos do seu personagem.Após isso,você vê um filminho que detalha um pouco da história do jogo:a Von Braun,a primeira nave estelar capaz de viajar mais rápido que a luz na história da humanidade,está prestes a ser lançada e será escoltada pela nave Rickenbacker,da UNN,onde você foi aceito para estar.Porém,ao que tudo parece, *algo* deu errado.O seu personagem acorda no Deck Médico da Von Braun,e recebe ordens de uma tal de doutora Polito para sair dali.Dali pra frente,você verá que o lugar foi quase todo destruído, e agora está cheios de zumbis assassinos,robôs assassinos,criaturas insetóides assassinas,entre outras coisas assassinas que excedem a descrição."Pô" você deve estar pensando "um jogo de tiro em que você mata monstros numa estação espacial destruída é o maior clichê do mundo!O que eles fizeram,abriram um portal pro inferno,hein?".Vai nessa,em System Shock o buraco é bem mais em baixo...



A primeira vista,a interface de SS2 pode parecer confusa, já que você deve manipular itens,audiologs,mapas e informações sobre o status do personagem.Mas isso é só impressão inicial,pois com o tempo você vai acabar se habituando a tudo.Este detalhe só demonstra a complexidade inicial de SS2 em frente a outros jogos de tiro.Os tais elementos de RPG,por exemplo,servem não afetam o jogo por trás dos panos,e sim diretamente,pois,por exemplo,é necessário tantos pontos de habilidade num determinado tipo de arma para poder conseguir usá-la ou tantos pontos de habilidade em hackear para conseguir passar por certos computadores.Isso faz com que você tenha uma experiência de jogo determinada pelo tipo de personagem quê você constrói ao investir os seus Cyber Modules(itens que servem para "upgradear" o seu personagem e são encontrados pela nave e enviados a você pela Dra.Polito).Ah,eu eu quase me esqueço:existem várias habilidades para serem utilizadas e desenvolvidas,desde das já citadas capacidades de usar classes de armas diferentes e mais poderosas e poder hackear computadores para ganhar itens ou desabilitar segurança,até pesquisar itens desconhecidos para saber suas utilidades,modificar armas e dúzias de habilidades psíquicas diferentes.Mas o interessante é que muitas habilidades são complementares,ou seja,algumas habilidades psíquicas melhoram seu desempenho como hacker,habilidades de pesquisa fazem você poder usar armas melhores,etc..O jogo estimula você a criar um personagem mais equilibrado,ao invés de um mais focado em um atributo.Porém,não é possível evoluir todas as características do personagem,pois nem todos os Cyber Modules do jogo permitem isso,além de que os upgrades mais avançados são muito custosos.Então,para conhecer tudo que o jogo tem a oferecer,é preciso jogar mais de uma vez.



O que vai realmente fazer você se lembrar de System Shock 2,porém,é com certeza o clima que o jogo cria.Os ambientes destruídos e com sinais de luta,os múltiplos corpos (e pedaços de corpos) da tripulação da nave espalhados,uma voz esquisita vinda do nada que de tempos em tempos rumina alguma frase na caixa de som,e principalmente os "fantasmas" (na verdade resquícios psíquicos) dos tripulantes momentos antes da morte deles.Tudo isso contribui para uma atmosfera de paranóia atemorizante,o suficiente até para considerar SS2 um jogo de terror.Mas não
terror no sentido "cachorros-pulando-das-janelas-quando-você-menos-espera",mas sim investindo contra o psicológico do jogador.Outro detalhe essencial para essa atmosfera são os muitos audiologs,diários sonoros dos integrantes da nave,que estão espalhados pelo jogo(e que eu tentei parcamente reproduzir no começo da análise).Encontrar alguns deles dão informações vitais para o progresso do jogo,como senhas de portas,mas a grande maioria serve para compor uma história incrivelmente rica em detalhes.Esses logs contam desde os detalhes da vida dos tripulantes e as picuinhas entre eles,mais principalmente respostas para toda a insanidades que acontecem na nave,o que são aqueles monstros,como eles chegaram na nave,até os assustadores relatos finais dos tripulantes.São tantos detalhes,realçados por um bom texto e uma boa dublagem,que a história se revela uma atordoante batalha entre o orgânico e o cibernético em que o seu personagem é um mero peão,e fica mais complexa a medida que o jogo avança,ao ponto que se torna muito difícil falar sobre os audiologs sem revelar algum detalhe importante.Mas sobre uma coisa importante eu posso falar:o vilão.



Lembra do sistema de computador maligno que atazana a vida do jogador no primeiro jogo?Pois é,ele não é "só" um sistema de computador maligno,e sim um dos vilões de videogame mais sensacionais que eu tenho notícia.Mais precisamente,uma vilã.SHODAN é o nome dela,e o jeito como ela entra na história é tão memorável como surpreendente,e ao longo do jogo,você e ela tem de trabalhar em conjunto para deter "uma grande ameaça".Mas no processo,ela faz questão de te escarnecer e diminuir te chamando de "inseto" e "patético",e sem deixar de enaltecer a sua própria magnificência e destino á onipotência.Ela é uma vilã multifacetada e cheia de possíveis interpretações,e o conflito entre você e ela vai crescendo até um explosivo (embora um pouco fácil) enfrentamento final.



Durante as suas aventuras a bordo da Von Braun e da Rickenbacker,seus principais objetivos deverão ser ativar ou desativar coisas e encontrar itens.Os muitos andares da nave são labirínticos,e muitas vezes intimidadores ao iniciar,e é muito fácil acabar não achando um item ou uma passagem mais escondida.Os mapas também são cheios de armadilhas,como salas radioativas,"turrets",câmeras de segurança que se te filmam mandam todos os inimigos da fase pra cima de você,e aquele maldito robozinho que explode na sua cara.Felizmente,sobram itens para recuperar energia e pontos utilizados nas habilidades psíquicas.Durante o jogo,você também encontra nanites,que servem para comprar itens nas máquinas replicadoras da nave,implantes para aumentar sua capacidade,e até um porta-joguinhos,que serve para você jogar uns joguinhos retrô enquanto aquele item demorado está sendo pesquisado.Porém,como num RPG normal,existe um limite de itens que você pode carregar(que é relativamente pequeno),e como as armas ocupam bastante espaço,muita vezes você precisa jogar itens importantes fora.



Um outro problema que incomoda bastante é relativo aos inimigos.Alguns,como os robôs mais fortes e os turrets,precisam de um tipo de munição mais forte para serem abatidos;porém,esse tipo de munição não abunda no jogo,e ás vezes é muito cara,deixando você forçado á abater um inimigo usando uma arma de mão para economizar munição.Outro problema é relacionado aos inimigos mais fracos,que reaparecem (também conhecido como respawning) depois de um tempo.Isso é muito irritante nas fases que exigem mais exploração e idas e voltas,já que a munição como eu disse é muito escassa.Sem contar que alguns inimigos(como o infame robozinho que explode na sua cara e me deu um tremendo susto quando eu tava ocupado olhando o mapa e não vi ele chegando) nem podem ser atingidos por armas de mão,forçando você a usar a pistolinha de energia.E também,as armas se degradam durante com o tempo,e a sua arma enguiçar no meio de um combate pode ser fatal,principalmente quando não há tempo de consertá-la sem ser eviscerado pelos monstros.E piora,pois os respawns desontrolados podem acabar fazendo com que você seja emboscado por um grupo enorme quando você estiver voltando a um cenário.



Mesmo com suas falhas,SS2 é um jogo de vanguarda,que influenciou de vários jogos de tiro subsequentes,como Deus Ex e Metroid Prime,e que também ganhou uma legião de fãs fiéis na mesma proporção onde não teve sucesso comercial.Esses fãs criaram patchs para atualizar os gráficos do jogo,e imploram por um terceiro episódio da série.Mas o que o pessoal da Irrational Games(que acaba de ser adquirida pela Take Two) está fazendo é bem mais interessante que uma mera sequência,mas sim uma reinterpretação da mecânicas do jogo original como uma história e backgrounds completamente novos.O projeto chama-se Bioshock,e tem previsão de lançamento para ainda este mês.Pelo que eu vi até agora parece ser animal(quem estiver mais curioso visite o site do jogo,aqui).Mas de mais a mais,para ou desprovidos de um Xbox 360 ou de uma placa de vídeo razoável,ou apenas quer jogar um bom jogo,pode ir feliz no System Shock 2.È o melhor thriller de fiçcão científica que você jamais vai ver no cinema.



E a moral da história é:"Sempre atualize seu antivírus,senão a SHODAN vai invadir seu computador e querer dominar o universo."